
Mais um dia, e outra quimio. A danada da Cisplatina (aquela brava) que eu já havia comentado. Naquela semana
colocaria também o cateter (pra quem não sabe, é um acesso totalmente
implantável que fica por baixo da pele, conectado a uma veia). Ele facilita muito minha
vidinha, pois não precisa me furar várias vezes. Era uma cirurgia, mas estava
certa de que valeria a pena. Antes de fazer a quimio, fui para o bloco cirúrgico
colocar o cateter. Aquela sala já não me era estranha e o fato de não conhecer
o médico, me deixava ainda mais receosa. Era um cardiologista que a Dra.Karine havia indicado.
Dormi logo que me deram a anestesia e quando acordei estavam acabando de
implantar o cateter. Depois senti que davam pontos e fiquei bem aflita apesar
de não sentir nada. Logo depois fui para uma sala de recuperação. Fiquei um
tempão lá e voltei para o quarto. No mesmo dia começei a quimio, que foi um
sucesso, e nem passei mal como das outras vezes. Eu estava encantada, pois me
sentia ótima, mas foi então que o cardiologista veio com uma notícia inesperada
e ruim. Eu estava com pneumotórax (ar no pulmão ) e eu só estava com aquilo
porque tentaram implantar o cateter de um lado do peito e não deu certo, então
fizeram do outro lado, mas nesse tempo entrou ar no meu pulmão. Eu já chorava
muito quando ele disse que eu teria que
colocar um um dreno. Dreno é só uma mangueira enfiada do lado do pulmão
e que suga o ar. Ops! como assimmm.... dreno?? eu pirei, e nada nem ninguém me fazia
parar de chorar. Lá fui eu de novo para aquela sala de cirurgia, já familiar
demais pro meu gosto. Um dos médicos dessa equipe veio tentar me acalmar
enquanto o material chegava. Conhecí o anestesista que era de Montes Claros.
Acho que dessa vez capricharam na anestesia pois quando acordei já estava naquela
sala de recuperação e com uma mangueira grossa, do lado da minha barriga. Eu só queria ver
minha mãe. Naquele momento eu só pensava em vê-la. Chamei o enfermeiro ele me
avisou que eu ainda ficaria um tempo lá,. Eu estava com um aparelho respiratório
no meu nariz que realmente me incomodava. Ninguém me dava muita atenção e
observei que um menininho entrou chorando muito, se debatia todo, chamava pela
avó. Passado um tempo, trouxeram a avó dele. Aí pensei comigo que se ele pode
porque eu não?? comecei a chorar de
novo, ou melhor eu acho que estava chorando. Eu estava tentando chamar a atenção deles, e o
enfermeiro veio logo saber o que estava acontecendo, eu entao disse que queria
minha mãe, mas quando olhei no rosto dele achei que ele estava rindo de mim.
Acho que não colou muito.Até fiz força, mas a lágrima não descia, como de
outras vezes. Sem conseguir convencer ninguém, minha mãe nao foi me ver.Mas
depois de um tempo me levaram para o quarto. O tal do dreno era mesmo horrível,
eu não conseguia me mexer que doía
demais. Fiquei naquela posição por um bom tempo. A semana foi bem tensa. Todos
estavam muito abalados com minha situação. Todos os dias o cardiologista
passava pra me examinar e dizia que no
outro dia eu tiraria o dreno, e cada vez eu ficava com mais raiva dele. Chegou
o final de semana e eu ainda estava lá Meus pais tentavam me explicar que isso
acontece, mas não era fácil eu aceitar. Depois de sete dias, finalmente me
libertaram daquela coisa. Ele tirou o dreno e deu os pontos no meu quarto
mesmo. A enfermeira Fernanda ficou do meu lado porque mamãe tava passando mal lá
no quarto da Lorraine. A fraqueza que eu fiquei por ter ficado de cama, fez a
Tia Tetê passar o maior aperto comigo. Eu desmaiava a toda hora. Chegou a
quinta-feira e me deram alta. Casquei fora! Sufoco, viu? Meu prêmio foi ir para
Montes Claros no dia seguinte.